sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ela tem um filho... E agora?






Durante minha estadia em Moçambique, um colega de curso e com quem dividi o quarto de hotel, durante àqueles conversas homem à homens disse que  encontrava-se num impasse. Recentemente arranjou uma namorada com quem cogitara ter um relacionamento sério.
Ele me relatou ter dúvidas sobre a aceitação da família porque a moça já tem uma filha. E por ela já ter se entregado a outro rapaz, a moça já não possui o bem muito precioso que lhe permitirá ser digna de um homem: o hímen.

Não se trata d'um discurso machista... até porque as nossas mães estão mais implicada nisso.

Permitam-me agora algumas generalizações. Obviamente não são todas as pessoas que pensam e agem assim, mas esse breve exercício deve servir para elucidar o que está por trás da fala do meu amigo e meu colega.

Pessoalmente já passei por isso, alimentava um certo fraco por uma moça que havia conhecido na véspera. Mas ela já tinha uma filha. E só de pensar nisso não dava nem vontade de tentar.

Perdi a vontade, não por machismo mas pelo simples facto de haver um abismo emocional entre o que nós homens e as mulheres somos levados a entender. Dentro da nossa sociedade essas crenças são criadas por ambas as partes ou pais e mães avós e avôs, tios e tias e por lá vai.

Que uma enorme proporção de mulheres e homens sobrevalorizam o sexo e tratam a vagina como um troféu, é facto.
À mulher, que não regula o acesso masculino à rachadura, não estabelece condições, não submete os homens a rituais malucos retirados de comédias românticas... Entre elas mesmo é rotuladas como prostituta.





Ao homem, cabe o papel de vencer a resistência feminina sem, contudo, se deixar aprisionar pelas suas exigências de compromisso e estabilidade. E se já alguém, de preferência homem, tiver diligenciado e destrancado a fechadura  inacessível da mulher, o que virá não  poderá saborear da vitoria. A lei é, se ela tiver filhos, partir para outros desafios.

É evidente que quanto mais se prorroga a procriação aumentam as chances de que o ato seja mais intenso e mais comprometidor.
A falta de antecedentes frequentemente funciona como um jogo erótico que eleva a potência do encontro dos corpos e a aceitação da família. Quem não esperou e já engravidou, não é digna.

Mas daí a concluir que o sexo-procriaçãoé uma moeda de troca, um trunfo feminino, um elemento de barganha pela afeição do homem, é absurdo. Ou a partir disso inferir que o minha pretendente podia ter sido fisgada e aceite pela minha família caso ela tivesse livre daquele obstáculo, o filho.


Ou seja
Quem já teve muitos desentendimentos, frustrações e brochadas épicas...sabe que não existe um relacionamento perfeito só porque a outra parte não tem ascendentes sexuais.
Mas se tiver os problemas aparecem também. Ou não?

Dissociar sexo da procriação para a igualdade entre homem e mulher é de todo, um erro. Por que se assim for o fardo do sexo-procriação antes do casamento não será dividido.
Ou fazemos todos ou nos guardamos puros até ao casamento?

Mas isso parte da consciência de cada um...e é por aí, onde também devo partir a minha reflexão a respeito.

É evidente que essa explicação parcial e demasiadamente generosa é fruto de uma imposição sobre a mulher ligada historicamente à instituição da propriedade privada e ao desejo do homem de transmitir seus bens a herdeiros “legítimos”, o que acabou por separar socialmente as mulheres “para construir família” das “perdidas”.
Hoje as igrejas pregam como se de um imperativo divino... entretanto, na lei da vida é assim que as coisas funcionam.

Mas para os propósitos desse artigo, acredito que essa explicação basta.

Apesar de muitos aceitarem casar com alguém que já tenha filhos oriundos de outros relacionamentos. Provavelmente ninguém se compadece com o facto de ter que ser onerado a custa da semente que outro alguém plantou.

Porque afinal, de contas só existe mãe solteira... porque manteve compula com alguém do sexo oposto que depois de pegar o que era suposto partiu para outras aventuras. E esse pai posto a prova, não aceitaria casar alguém que seja mãe solteira.

Podemos identificar aí a gênese social do sexo-procriação e do ser mãe solteira. Temos sido subprodutos desse jogo perverso que tem sido praticado por séculos mas, que no nosso século tem ganhando outros contornos.

Fruto da hipocrisia que hoje cultivamos.
Fruto das façanhas que praticamos aos olhos de quem não vê e andamos por aí a pregar valores que por nós não são consumidos mas obrigamos o resto do mundo a beber.

Dizia, o pai ao seu filho que este não devia casar com alguém que já teve outros relacionamentos. Pai esse que mantém cópula extraconjugal com uma moçinha ou seja ele tem coragem de perverter, desencaminhar, despojar outra mulher da sua virtude e, para depois de tudo isso, criar resistência aos avanços e ensejos masculinos do filho.

Durante muito tempo, pensava-se que só as experiências fora das câmeras eram subjetivas. Ou seja ninguém mais fazia, ninguém mais sentia ou ninguém mais queria.
No armário não tem só gays, lésbicas e afins. Tem muita coisa.
Foi assim que homens e mulheres conviveram durante anos, dentro do armário. E quando o assunto é amplificação da experiência sexual, poucos são os que trazem a público as verdades assim como correm em suas cabeças.

Diante de tudo isso?
Será qual verdade, o correto, o virtuoso ser universal quando o que é universal só parece ser?

Então se todo mundo se manter puro, as resistências em torno do sexo e a escassez da virgindade femenina vai acabar, a oferta vai aumentar e ninguém terá problemas com os pais.
Por que haverá muita virgem no mundo e muito homem puro.

Então, se ela for mãe solteira?





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